29.11.17

Querido Pai Natal



Querido Pai Natal, este ano portei-me lindamente! Fui uma boa garota, muito dedicada à família, treinei a paciência, dei abraços apertados aos meus filhos, beijos apaixonados ao meu amor e agradeci bastante. Cozinhei e alimentei-me de forma mais saudável e melhorarei o meu empenho profissional. Fui uma boa amiga, procurei estar menos ausente. Por isso, aqui fica esta lista para te servir como inspiração!

26.11.17

Em Novembro põe tudo a secar que pode o sol não voltar*

* provérbio popular

Foi o primeiro Halloween dela e enquanto fazíamos as compras da semana no hipermercado viu uma  bandolete com um chapéu de bruxa e quis colocar. Nunca mais a largou. Normalmente na caixa de pagamento deixo metade dos itens em que ela pegou mas também já me aconteceu, por distracção, pagar coisas que não era para trazer. Mas na hora de maior stress vale tudo para os acalmar! Ele foi de esqueleto e até o pintei para ficar mais realista, mas sinto que já não vibra com estas coisas como quando era mais pequeno. 

Parece que a chuva chegou, aos poucos, ainda assim o calor teima em ficar. No entanto já só apetece bolos, chá e mantas. No mês de Novembro mudámos para a NOS, começámos a ver o This is Us, e tenho tentado dar vazão às laranjas. Fiz um bolo este fim-de-semana e faço sumos ao pequeno-almoço sempre que posso. A vitamina C é fundamental no combate às constipações, e este ano as laranjas até me parecem mais doces.

Comecei assim a temporada das séries à noitinha e dos discos vinil ao entardecer. A semana que passou ganhei um disco num passatempo da Universal Music e Antena 3 que é um clássico, o «Master of Puppets» dos Metallica numa nova versão remasterizada. Só tínhamos de contar um momento marcante dos Metallica na nossa vida e eu contei que os levei numa Pen para o parto, a banda sonora aqui, agradou ao anestesista e à médica que a iam sugerir a mais parturientes. 

O tempo de crescida tem-se revelado importante, e estar com os amigos também. Ir jantar com a Andreia ao Sushi, ir ao cinema com a Patrícia, ou caminhar na praia com o Nuno Luís, revelaram-se as melhores terapias para a minha sanidade mental. Amo os meus filhos, mas é fundamental um tempo para nós, só assim consigo estar com eles em pleno. 

O horário do inglês do Afonso mudou, o que me permite estar mais presente. Sei que sente falta de mim sempre, mas a amamentação prende e limita-nos um pouco os passos. Neste novo horário consigo ser eu a levá-lo sem comprometer o resto e aproveito para ler enquanto espero. Tenho muitas saudades de ler, do tempo que dispunha ao final do dia e é assim que o retomo. Continuo a ler com o Afonso, mas é sobretudo livros para a sua idade e não os que comprei e estão a ganhar pó na prateleira.

Quanto a programas com eles fora de casa, aproveitámos o aniversário do MAAT, para fazer uma visita. A exposição não era a ideal para o Afonso, já que versava sobre conflitos e violência, de qualquer forma conseguimos ver algumas instalações interessantes e desafiei-o para as comentar. É muito giro ver as reacções das crianças à arte, porque elas são muito transparentes e genuínas. O dia estava de sol e a vista é fantástica.

O Afonso anda em êxtase com o futebol. Este ano já não há karaté mas há um guarda-redes promissor. O mister elogia-o muito, tanto no jogo como individualmente como menino, diz-nos que é «um menino muito educado e amigo dos colegas» e ele sente-se muito feliz. Eu apesar de me sentir preocupada com a questão dos óculos à baliza, ando babada com os elogios e orgulhosa com o desempenho.

No outro dia tiveram o primeiro jogo (que na prática foram dois) e ganharam o principal por quinze a zero. É verdade que o Afonso não participou muito que o jogo resolveu-se na outra metade do campo, de qualquer forma o que fez, fez bem.

O novo horário desanima um bocadinho. Confesso que sinto cada vez menos vontade de sair depois de vir do trabalho, mesmo que seja para tratar de algum recado. Em compensação as manhãs de luz são revigorantes e adoro ver o nascer do sol do quarto deles quando os vou acordar. vou acordar o Afonso. 

22.11.17

Outono - Verão



Acho que a vida tem decorrido a um ritmo completamente doido. As estações misturam-se e dou por mim a pensar como é possível estarmos no Outono novamente. Um Outono com sabor a Verão, porém Outono. Aproveitámos o jardim mais tempo, fizemos almoços bons e demorados com os amigos. Caprichei. Fiz um pernil de peru no forno que esteve as banhos em laranja de véspera. Depois levou uma crosta de mel e no fim flambeámos rosmaninho em grogue para aromatizar. Num outro fim-de-semana fizemos o bacalhau com maionese e tomate da minha mãe e uma entrada muito boa de folhados de pêra com queijo de cabra, mel e nozes. 

Sabe bem viver o jardim mas já me apetece mantas, filmes e chá, talvez por anoitecer mais cedo. Organizar os roupeiros deles foi um desafio. Ver o que serve e se aproveita e o que não serve e se gaurda, se dá ou se vende. Tenho levado muitas coisas em excelente estado para a Kid-to-kid. Por falta de tempo tenho optado por fazer compras online de algumas coisas em falta. Para ela dormir encomendei uma musselina linda com passarinhos da Aden e Anais e umas carneiras com rendinha muito giras e em conta da Doce Amor'a. A Constança anda tão vaidosa com estas coisas. A juntar à gabardine que nunca lhe conseguimos tirar depois de chegar à escola, somam-se os bonecos, fraldinha e sapatos. Não deixa nenhum colega mexer nos seus sapatos depois da sesta e desfila e tudo, à sua maneira, levantando os pés no ar. É uma vaidosa!

Pelo correio também chegaram finalmente uns tecidos africanos que também ganhei num passatempo do Instagram da mamaenaafrica e que deram literalmente a volta ao mundo. Passaram uma temporada na alfandega do Brasil e outra na de Portugal. Estou muito contente com eles e tenho imensas ideias para concretizar. Tenciono fazer umas almofadas para o jardim e com os restos uns lenços para o cabelo e para as cestas da praia. Vou estrear-me na máquina da melhor maneira. 

Apetece-me estar mais em casa, tratar mais deste espaço que é nosso. Ganhei umas almofadas inspiradas no famoso pintor Pierro Fornasetti num passatempo no Instagram da decoradora Sofia Costa. Era para as colocar no quarto novo do anexo, mas os miúdos adoraram-nas na nossa cama e por lá ficaram. Entretanto também arrumámos melhor a arrecadação. Vendemos um carrinho dela no Market Place e temos mais umas quantas coisas para fotografar e despachar. Nas arrumações descobri uma tenda com que o Afonso brincou em miúdo. Montámos na sala e ela andava doida com ela. Era mesmo isto que faltava, uma tenda no meio da sala. Não descansou enquanto não nos enfiou todos lá dentro, mãe, pai, irmão e irmãs. 

A Constança fez 18 meses e foi à consulta de revisão. Continua a crescer ao seu ritmo, a aumentar pouco de peso. Continua a ser acompanhada na Estefânia. Chegou a custo aos 9 kgs. Mas come bem é mesmo dela. E está uma espertalhona. Fala imenso, canta, dança, come sozinha com a colher. Está uma graça. 

Este ano não tenho o jardim cheio de flores como é costume nesta altura do ano por isso volta e meia compro flores para o Carlos me oferecer. Ele diz para eu escolher bem. A Constança andou encantada com uns Crisântemos, dizia que eram bolas. Os bolbos não rebentaram e os jarros nem vê-los porque não chove. Em compensação as ameixeiras estão em flor como se fosse Primavera e as abelhas andam de volta das flores. Será que vou ter ameixas no Natal? As laranjeiras também estão carregadas e as laranjas este ano parecem-me mais doces.

Entretanto no dia dos incêndios plantámos mais um limoeiro. A minha árvore favorita e não consigo que vingue. A ver se é desta!

Para aproveitar a fruta e me lembrar que é Outono, tenho feito crumble de maçã e de pêra. Adoro o cheiro a canela e fruta e que sai do forno.

De qualquer forma é bom aproveitar os últimos raios de sol e passear com eles. No outro dia levei o Afonso ao Planetário, fomos com uns amigos e ele adorou. Eu já não ia desde miúda e fiquei surpreendida com a quantidade de sessões diferentes que há. Temos um cartão «Circuitos Ciência Viva» que nos vai permitir visitar este e outros locais gratuitamente durante um ano e há que aproveitar!

5.11.17

Paris


Fomos a Paris em Setembro. A viagem este ano não correu tão bem como a do ano passado a Amesterdão, com ela com seis meses, mas foi igualmente inesquecível. A Constança portou-se lindamente no avião, a viagem é curta fez-se bem. O grande problema foi visitar museus, igrejas, e outros monumentos onde a calma e o silêncio seriam convenientes. Uma bebé de ano e meio não conhece o local certo, a hora certa para determinadas coisas e é necessário respeitar as suas necessidades de atenção; brincadeira; mimo; sono e fome. Não correu tão bem por isso. A bebé Constança esteve 3 horas a chorar no Museu D' Orsay, e no Panteão e no Sacrée Coeur também deu ares de sua graça. Por outro lado, como ainda é pequena para caminhar muito sozinha e já é pesada para andar sempre ao colo, o carrinho foi um extra muito necessário mas pouco compatível com edifícios antigos, metros e outros transportes. Paris é uma cidade muito maior que Amesterdão, não pudemos ir a todo o lado a pé pelo que recorremos ao Ubber muitas vezes o que encareceu um pouco a viagem. Não obstante mantenho as minhas 10 razões porque devemos viajar com crianças pequenas. 

Houve muitas outras coisas que não nos correram de feição. Ficámos várias vezes presos no trânsito por causa de manifestações. Fomos a um mercado giríssimo num dia em que estava só 10% aberto,  o Marché aux Puces de Saint-Ouen. Houve um Museu em que nos expulsaram literalmente à saída* e até o avião de regresso se atrasou horas e apanhou a hora de jantar e dormir dela, tornando-se num tremendo desafio que teríamos dispensado sem hesitar.  

Mas houve coisas tão fantásticas que dificilmente esquecerei. Explorar e perdermos-nos no Quartier Latin, Saint Germain des Prés e Montmartre, bairros encantadores e charmosos. Bebi um Champagne muito bom e que eu não conhecia, Veuve Clicquot. Encontrámos sem querer o mercado do amigo da Ámelie Poulain. Tínhamos capuccinos, cafés, chocolate quente e outras bebidas fantásticas à descrição no apartotel. E sabia tão bem chegar da chuva e do frio para um chocolat chaud a fumegar. Já para não falar nos croissants quentes e enormes que o Carlos ia comprar de manhã e que comíamos a dobrar. E as baguettes, o queijo, os patês, os macarrons e as conquilles St. Jacques. E a água tão quente do banho e a toalha aquecida no toalheiro depois de um dia de frio e chuva. E a vista da nossa janela, a praceta sem saída com um banco de jardim sempre lotado e as árvores tão altas que ultrapassavam a nossa janela. Ficámos no coração da vida boémia com um bebé, mesmo ao pé do Moulin Rouge, e de restaurantes, bares, casas mais e menos duvidosas e lojas para adultos (mas isso era já mais para a frente). E os ganchos antigos do Tombées du Camion para a Constança iguais aos que eu usava em miúda, e um pendente verde com uma andorinha dourada para o meu casaco. E o teu pedido nos Jardins du Luxembourg, atabalhoado e o meu «Oui» sincero porque é só contigo que eu quero estar. Un long dimanche de fiançailles, que seja. E os barcos a fazerem corridas no lago e a exposição de orquídeas à despedida. E um mercado em segunda mão que encontrámos sem querer e um disco do Jacques Brel riscado (mas que afinal não está) por 1€. E o Shakespeare and Company, aquela livraria histórica que visitámos à vez com vista para o Seine. E o magnífico lanche tão merecido depois de um dia a caminhar no Le Deux Magots com um café servido em jarro que dava para dois e um macarron enorme de pistácio e framboesas que se derretia na boca. E o restaurante fantástico que encontrámos sem querer num dia de chuva onde os clientes da casa guardavam o seu guardanapo, com uma entrada de abacate divinal e em que ela colaborou e dormiu. Amo-te tanto com tudo de bom e menos bom que nos acontece. Nunca fui tão feliz. 

* Escrevemos para o Museu em questão e manifestámos o nosso desagrado com o que se passou. O Museu enviou-nos dois bilhetes sem validade e um pedido de desculpas.