1.9.13

Um postal


Gosto de como as nossas coisas encaixam de uma maneira que me faz duvidar que o destino existe. Gosto de como conseguimos dar a volta ao texto quando tudo parecia complicado demais. Gosto das pequenas coisas, de como o teu sal grosso se misturou com o meu, de como as tuas especiarias se encaixam nas que me faltam, e ainda assim as que sobram se gastam mais depressa por serem as preferidas dos dois. Gosto das almofadas que imaginei para os teus sofás que ficam tão bem no jardim. Gosto dos teus conjuntos de lençóis de algodão antigo, nas cores que eu provavelmente escolheria, da cor das tuas toalhas, e da cor dos teus olhos. Gosto da tua passadeira no ginásio, e de correr contigo lá fora, eu que sempre preferi correr sozinha. Gosto que as minhas fotografias tenham substituído as da máquina que deixaste partir. Gosto de como os livros não se repetem, numa biblioteca que de repente se multiplicou. Gosto de ler contigo e gosto tanto que leias para mim. Gosto que tenhas estado presente em tantos momentos da minha vida, noutro registo, porque podemos revisitá-los juntos. E, apesar do significado que eu dou a todos estes detalhes, gosto desse desprendimento material que me deste a conhecer, quando finalmente percebi o que é verdadeiramente imprescindível para viver, o meu núcleo duro, o meu, as tuas e nós todos juntos.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário