17.4.11

Um violino no telhado

Foi a primeira vez que fui ver um musical do La Féria sem conhecer a história e fiquei rendida. Na pequena cidade de Anatevka um pobre leiteiro luta por manter vivas as suas tradições judaicas, tentando equilibrar o seu dia-a-dia, tal qual um violinista num telhado. Tevye, que trata o seu Deus por tu, tem uma relação especial com as suas cinco filhas e esposa, que o levam a pôr as suas tradições em causa. Porém, sopram ventos de mudança, as mulheres já dançam, há uma nova palavra chamada «amor» e as casamenteiras deixaram de fazer sentido, e as suas filhas escolheram os seus maridos. Quando nas vésperas da Revolução de Outubro, Tevye se vê obrigado a deixar a sua terra com a sua família, compreende que aquilo que somos, as nossas raízes, não são de um lugar, porque aquilo que somos está dentro de nós e segue connosco para onde for a nossa viagem. O pobre leiteiro termina dizendo «Deus, se existes quem és? Se não existes, quem somos nós?». 


Adorei. Só podia adorar. E adorei a companhia. Gosto muito dos espectáculos do La Féria desde que me lembro. O meu pai levou-me a ver praticamente todas os musicais dele desde o início. Recordo-me perfeitamente da «Maldita Cocaína» e de como se jantava a ver um espectáculo no Politeama. Ainda me lembro de uma das músicas «Raquel, ela colou-se à minha vida, ela colou-se à minha pele.» Ele cantava sobre uma ponte, com raios laser a fazer de ondas por baixo. Já nessa altura os cenários majestosos, o guarda-fatos, as canções tão bem adaptadas e toda a produção me deslumbravam. Para comprar bilhetes havia sempre fila. Depois dessa, tantos anos, tantas outras «Passa por mim no Rossio»; «Godspell, Maria Callas»; «A casa do Lago»; «My Fair Lady»; «A Canção de Lisboa»; «Música no Coração»; «Piaf»; «Amália»; «A Gaiola das Loucas» e agora este «Um violino no telhado» tão actual e comovente. 

Obrigada Diário do Distrito por fazeres estas quatro alminhas felizes. 

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